13 setembro, sábado, 2025
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Área invadida em Cuiabá tem 3 mil famílias com ordens de despejo

Dois anos após o início da ocupação irregular na região do Contorno Leste, em Cuiabá, continua o imbróglio jurídico entre os proprietários e invasores. A ocupação, que começou de forma tímida em outubro de 2022, passou a crescer e chamar a atenção no final de janeiro de 2023 e, hoje, a estimativa é que cerca de três mil famílias vivam na região, sob o risco de serem retiradas a qualquer momento, pois já há decisões para reintegração de posse. Do total de quatro áreas ocupadas, apenas em uma, de propriedade da Ávida Construtora, teve reintegração de posse em março deste ano e os moradores foram
despejados. O local ficou conhecido como comunidade Brasil 21.

Proprietários das outras três áreas, sendo uma da família do João Pinto, uma da família Itacarambim e outra da mobiliária Iguaçu, ainda lutam para conseguir a reintegração de posse. Mesmo com liminares deferidas em favor dos proprietários, não existe data definida para o cumprimento das medidas.

De acordo com os próprios moradores, mais de 3 mil famílias vivem nas comunidades denominadas Lula Brasil 1, Lula Brasil 2, Flor do Leste, Santa Luzia, Vila Militar e Pipoca. Porém, não existe um levantamento oficial atualizado do número de famílias e de comunidades criadas nessas áreas

Primeira ocupação

A primeira ocupação, que ficou conhecida como Brasil 21, iniciou em outubro de 2022, na área de propriedade da empresa Ávida Construtora. Com a reintegração de posse, cerca de 900 famílias, entre brasileiros e estrangeiros, foram despejadas. A ação resultou em confronto entre policiais militares e os moradores.

A reintegração foi determinada no dia 10 de março deste ano, com a decisão da juíza Adriana SantAnna Coningham, da 2ª Vara Cível de Cuiabá. A desocupação teve início no dia 11 de março, pela manhã, ocasião que os moradores protestaram pelo direito de moradia. Dezenas de viaturas da Polícia Militar foram acionadas para a desocupação da área, além do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e policiais do Setor de Operações
Especiais (SOE), e foram utilizadas balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas.

Na decisão, a orientação era que fosse realizado o transporte das famílias com seus bens, mas há relatos dos
próprios moradores que as casas foram demolidas e não houve tempo hábil para a retirada dos pertences.
Abrigos provisórios

Depois da reintegração de posse, parte das famílias ficou abrigada, por um período de sete meses, no Centro Comunitário do bairro Jardim Fortaleza e na quadra de esportes do bairro Osmar Cabral.

Segundo a líder comunitária Débora Brasil, as famílias do Brasil 21 que viviam provisoriamente no Centro Comunitário e na quadra de esportes desocuparam os espaços há cerca de 40 dias. Não tinha como viver ali, sem estrutura e em meio às fezes de pombo. Parte dessas famílias foi morar de favor. Alguns resolveram dividir o aluguel e moram mais de um núcleo familiar em um único imóvel e outros foram acolhidos em áreas de ocupação.

A venezuelana Mari Bvergara, 28, seu marido e as duas filhas do casal fazem parte das famílias despejadas em março e que, agora, voltaram ao Contorno Leste e moram na comunidade Lula Brasil 1. Após serem retirados do Brasil 21, viveram no Centro Comunitário do bairro Jardim Fortaleza. Cerca de 15 famílias que estavam no centro
comunitário vieram morar aqui, confirma. Ressalta que em uma semana conseguiu erguer a sua casa para morar. Gastamos R$ 5 mil e espero não ser
despejada de novo. É triste investir e depois perder tudo.

Fonte: Folha Max

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