O caso da adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, assassinada em março deste ano, foi um dos crimes que mais chocaram Cuiabá e repercutiram em todo Mato Grosso ao longo de 2025. Grávida de nove meses, a jovem foi morta para que a filha fosse retirada de seu ventre, em um crime considerado de extrema brutalidade pelas autoridades.
Emelly desapareceu no dia 12 de março, após sair de casa, em Várzea Grande, com destino a Cuiabá, onde buscaria doações de roupas de bebê. A adolescente havia conhecido Nataly Helen Martins Pereira por meio das redes sociais, mulher que dizia estar grávida e oferecia os itens.
Tamanha foi a repercussão do crime que, nas redes sociais do RepórterMT, matérias divulgadas sobre o caso passaram de 6,5 milhões de visualizações.
O crime
No mesmo dia do desaparecimento, Nataly procurou o Hospital e Maternidade Santa Helena, em Cuiabá, alegando que havia dado à luz em casa. A versão apresentada levantou suspeitas da equipe médica, que percebeu inconsistências no relato e sinais físicos incompatíveis com um parto recente.
A polícia foi acionada e, horas depois, o corpo de Emelly foi localizado. A bebê foi resgatada com vida e posteriormente reconhecida pela família da vítima.
Denúncia e crimes imputados
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou Nataly Helen Martins Pereira por oito crimes: feminicídio, tentativa de aborto, subtração de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.
Em 27 de abril, a 14ª Vara Criminal de Cuiabá recebeu a denúncia, tornando Nataly ré. O processo ainda tramita na Justiça e não passou por julgamento.
Nataly, que foi presa horas após o crime, permanece detida preventivamente.
Suposta participação de outras pessoas
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a possível participação do marido de Nataly, do irmão e de um amigo no crime. Os três chegaram a ser conduzidos à delegacia no dia da ocorrência, mas foram liberados por falta de elementos para prisão em flagrante.
Segundo o delegado responsável pelo caso, as investigações seguem para esclarecer se essas pessoas tiveram algum tipo de envolvimento ou conhecimento prévio do crime.
Versão apresentada pela acusada
A defesa de Nataly pediu à Justiça a instauração de incidente de insanidade mental, alegando que ela sofre de distúrbios psicológicos, decorrentes de um histórico de violência sexual sofrida no passado, o que teria desencadeado quadros de depressão e surtos psicóticos.
No entanto, o pedido foi negado pela Justiça, que entendeu não haver elementos suficientes para afastar a responsabilidade penal da acusada.
Medidas da Justiça
A Justiça de Mato Grosso concedeu medidas protetivas de urgência à mãe de Emelly, Ana Paula Meridiane Peixoto de Azevedo, e à bebê recém-nascida. A decisão foi assinada pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).
A magistrada determinou a proibição de qualquer aproximação ou contato da acusada com a criança e com os familiares da vítima.
Situação da bebê
A bebê, retirada do ventre da adolescente, foi resgatada com vida, recebeu atendimento médico e permanece sob os cuidados da família materna, com acompanhamento das autoridades competentes.
O caso segue em tramitação na Justiça e permanece como um dos episódios policiais mais marcantes e traumáticos registrados em Mato Grosso neste ano.
Repórter MT




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