7 dezembro, domingo, 2025
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Crise entre poderes amplia risco para Lula e impulsiona ofensiva da oposição no Congresso

A crise entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o comando das duas Casas do Congresso ganhou contornos institucionais e abriu possibilidades para a oposição agir. O rompimento de Hugo Motta e Davi Alcolumbre com líderes governistas desencadeou uma sequência de derrotas ao Executivo e antecipou movimentos decisivos, como a marcação da sabatina de Jorge Messias para 10 de dezembro — o que eleva o risco de o presidente sofrer um revés na indicação ao STF. Nesse ambiente de atrito aberto entre os poderes, líderes da direita e do Centrão veem chance de avançar em pautas estratégicas, como a anistia, enquanto o governo tenta conter a erosão de sua base em meio à escalada eleitoral rumo a 2026.

Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo observam, porém, que os desdobramentos dessa ruptura dependerão da capacidade de articulação entre o grupo mais próximo de Jair Bolsonaro (PL) e o Centrão, que ainda busca consolidar uma candidatura presidencial única de direita e centro-direita para 2026. O cálculo eleitoral passou a orientar cada movimento de governo e oposição, que miram os efeitos imediatos às suas estratégias.

Diante desse cenário, a piora do clima entre Executivo e Congresso reacendeu na direita a expectativa de avanço da proposta de anistia ou da dosimetria para condenados do 8 de janeiro — tema que ganhou urgência após a prisão preventiva de Bolsonaro, no último sábado (22), convertida em início do cumprimento da pena nesta terça-feira (25).

Líderes oposicionistas avaliam que a crise do governo abre caminho para que o Centrão capitalize o desgaste do Planalto e aceite negociar a matéria. Motta, porém, avisou que só aceita discutir a versão relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que reduz penas, e não a anistia ampla defendida pelo PL.

Mesmo após intensa mobilização dos aliados de Bolsonaro, Motta argumentou que aprovar anistia total poderia gerar confronto com o Senado e o STF. A dosimetria, nesse sentido, seria um avanço possível — inclusive para reduzir eventuais punições de Bolsonaro. Do outro lado, Alcolumbre, que se tornou a principal barreira à oposição nos últimos meses, acena apoio a esse formato moderado.

No Senado, a oposição apresentou um projeto que pode reduzir a pena imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe. A proposta do senador Carlos Viana (Podemos-MG) elimina da legislação os crimes de abolição do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado – os mais graves atribuídos a Bolsonaro. Se a medida for aprovada, a condenação de Bolsonaro passaria de 27 anos para cerca de seis anos e evitaria o regime fechado. Viana afirma já ter reunido as 35 assinaturas necessárias para solicitar urgência na tramitação, pedido feito pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da Oposição na Casa.

Leandro Gabiati, professor de Ciência Política do Ibmec-DF, avalia que o atual distanciamento entre Executivo e Congresso tende a aprofundar a dificuldade de construir consensos. “Por sua própria natureza, os poderes são forçados a dialogar. Quando essa interação se rompe, quem perde mais é sempre o Executivo”, pondera.

Repórter MT

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