“Era como se esse homicídio tivesse o condão de retirar a dor de uma mãe que havia perdido o filho”, disse o delegado Nilson Farias, durante júri popular sobre os assassinatos do lojista Gersino Rosa dos Santos e o vendedor Cleyton de Oliveira de Souza Paulino. Ambos foram mortos no Shopping Popular de Cuiabá, em 2023. O crime teria sido motivado por vingança pela morte do filho da ré Jocilene Barreiro da Silva e irmão de Vanderley Barreiro da Silva. Mãe e filho teriam contratado Sílvio Júnior Peixoto para a execução.
O julgamento é realizado nesta quarta-feira (12), em Cuiabá, 11 dias antes do duplo homicídio completar dois anos.
O delegado foi a primeira testemunha a depor. Ele era titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pela apuração do crime. Na época, o crime causou grande comoção social, visto que ocorreu em local de grande movimentação de pessoas, ainda de dia, com as lojas abertas.
“Foi uma cena de forte impacto. Duas vítimas caídas ao solo. No local, identificamos um projétil e duas cápsulas deflagradas. A partir disso, colhemos imagens de diversas câmeras de segurança do shopping. Com o auxílio da população, conseguimos identificar o executor, que confessou o crime e indicou os mandantes”, relatou.
Para o delegado, o crime tinha grande simbologia em tirar a dor da mãe que perdeu o filho, um jovem assassinado dias antes e que a autoria do crime foi atribuída ao comerciante, mas causou ainda mais dor.
Segundo Farias, o filho de Jocilene, Vanderley, teria conduzido toda a execução do plano. O delegado destacou que a ação, ao invés de trazer algum tipo de alívio, gerou mais dor e atingiu pessoas inocentes.
“Eles decretaram uma sentença de morte. Optaram por uma pistola 9 mm, uma arma com projétil de alta velocidade e grande poder de penetração. Quando Sílvio e Vanderley escolhem usar uma 9 mm em um local extremamente populoso, como o Shopping Popular, eles assumem o risco do resultado: aceitaram a possibilidade de atingir e matar qualquer pessoa que estivesse por perto”, descreve Farias.
Em sua fala, o policial ainda destacou a origem cigana da família, onde a matriarca exerce grande decisão sobre as ações a família. Para ele, coube à ré dar o aval para que o folho ordenasse a execução.
O investigador Leonardo Conceição, que efetuou a prisão de Sílvio Júnior Peixoto, conta que primeiramente o atirador não estava no endereço obtido pela investigação. Mas depois, ele foi preso em Uberaba (MG) e confessou o crime.
“Ao ser abordado, ele não ofereceu resistência. Questionado sobre o motivo da prisão, passou a colaborar com a equipe e confirmou sua participação no crime”, explicou. Conceição ainda conta que Sílvio relatou que foi contratado para cometer o homicídio e que os mandantes teriam oferecido até R$ 10 mil para que ele viajasse até Cuiabá e executasse a ação. De acordo com o policial, o acusado também mencionou que possuía dívidas relacionadas a drogas na cidade onde morava, o que teria motivado a aceitação da oferta”, declarou o policial.
Posteriormente, os mandantes Jocilene Barreiro da Silva e Vanderley Barreiro da Silva, mãe e filho, capturados em Campo Grande (MS). Eles resistiram, mas depois se entregaram. Na casa, os agentes encontraram várias armas, o que é incomum para um local com tantas crianças.
O caso
De acordo com o Ministério Público, Jocilene e Vanderley encomendaram o assassinato de Gersino. No dia do crime, o executor entrou no shopping, aproximou-se da vítima Gersino e disparou duas vezes pela nuca. O segundo projétil transpassou o corpo de Gersino e atingiu Cleyton, que estava na linha de tiro.
O conselho de sentença irá julgar o caso classificado como homicídio qualificado, com mandantes, executor, motivo torpe (vingança) e duplo resultado.
Gazeta digital




OUÇA A RÁDIO NAZARENO