4 setembro, quinta-feira, 2025
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PCC usa postos de combustíveis para lavagem de dinheiro, aponta operação da Receita

A Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal, prendeu ontem empresários do setor de combustíveis suspeitos de colaborar com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). As investigações abrangem empresas em oito estados brasileiros e solicitaram o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos.

Segundo a Receita Federal, cerca de 1.000 postos de combustíveis em São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. A maior parte desses recursos era utilizada para lavagem de dinheiro, recebida em espécie ou via maquininhas de cartão, e posteriormente reintegrada ao PCC. O recolhimento de tributos pelas empresas também era muito baixo e incompatível com suas atividades, resultando em autuações superiores a R$ 891 milhões.

Cerca de 140 postos eram usados para receber mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais de combustíveis, consideradas aquisições simuladas para ocultar valores ilícitos. Além disso, fintechs atuavam no esquema, mantendo contas-bolsão, em que valores de diversos clientes circulavam sem individualização, sendo reinvestidos em fundos de investimento controlados pelo PCC.

Principais empresas envolvidas

Grupo Copape/Aster: considerado o cérebro do esquema, a Copape produzia gasolina a partir de hidrocarbonetos desde 1997, enquanto a Aster distribuiu o combustível a cerca de 1.000 postos. O grupo pertence a Mohamad Hussein Mourad e contava com o sócio Roberto Augusto Leme da Silva (Beto Loco), atualmente foragidos. As empresas perderam a licença da ANP e solicitaram recuperação judicial em 2024.

Grupo Refit (ex-Manguinhos): antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, fundada em 1954, passou a atuar como fornecedora de combustível do esquema por meio da distribuidora Rodopetro após a Copape ser judicialmente impedida de operar. Atualmente, é liderada pelo advogado Ricardo Magro.

G8 Log e RTI Bless Trading: também ligadas a Mourad e Beto Loco. A RTI Bless Trading comercializa derivados de petróleo, enquanto a G8 Log Transportes gerencia frota de caminhões que transporta combustível para usinas de álcool no interior de São Paulo.

O promotor Yuri Fisberg, do MP-SP, alertou que alguns postos investigados em São Paulo adulteravam o combustível, chegando a conter até 90% de metanol, prática ilegal que prejudica os veículos.

Folha do estado

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