A Justiça de Mato Grosso manteve a prisão cautelar do biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, que atuava como responsável técnico na rede de laboratórios Bioseg Medicina Laboratorial, após a audiência de custódia, realizada nesta sexta-feira (15). A decisão foi da juíza Edna Ederli Coutinho.
Igor foi preso durante a Operação Contraprova, que investiga fraudes e falsificações em exames laboratoriais, em Cuiabá, Sinop e Sorriso, no norte do estado.
As investigações apontaram que o laboratório não realizava os exames internamente, nem enviava os materiais biológicos para outros laboratórios. As amostras coletadas dos pacientes eram descartadas sem análise e os resultados dos laudos eram falsificados.
O g1 tentou localizar a defesa de Igor Phelipe, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem. Em nota, a Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho explicou que não possui relação operacional, técnica ou administrativa com a empresa Bioseg Medicina Laboratorial, da qual dois sócios da Bioseg Segurança participaram apenas como investidores.
A empresa alega que nunca realizou, diretamente, qualquer tipo de exame ou análise laboratorial em pacientes, e é voltada apenas à segurança do trabalho.
“A investigação citada pela imprensa tramita em segredo de justiça e que, até o momento, os advogados da Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho não tiveram acesso integral aos autos, de modo que informações veiculadas publicamente podem não refletir com precisão o conteúdo da apuração”, disse.
Segundo a Polícia Civil, a rede realizava exames para diversos órgãos públicos, como a Câmara e a Prefeitura de Cuiabá, clínicas médicas particulares, nutricionistas e um convênio médico, além de atender pacientes particulares.
As investigações começaram em abril deste ano, após uma denúncia recebida pela Vigilância Sanitária de Cuiabá, alegando que o responsável pelo laboratório estaria falsificando os resultados de exames. Na ocasião, a unidade foi interditada, e o investigado chegou a ser preso em flagrante.
Nesta sexta-feira, além da prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas casas dos sócios, Willian de Lima e Bruno Cordeiro Rabelo, e nas unidades da empresa. A Justiça determinou ainda a interdição das três unidades, a suspensão do registro de biomédico do sócio preso, a suspensão de contratos do laboratório com o Poder Público e a proibição dos sócios de contratar com órgãos públicos da União, estados e municípios.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Juiz de Garantias de Cuiabá, após manifestação favorável da 24ª Promotoria de Justiça, que estão sendo cumpridas com o apoio de policiais civis das delegacias de Sorriso e de Sinop, além de fiscais da Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá.
Ao final da investigação, os envolvidos poderão responder pelos crimes de estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, com penas que podem chegar a até 25 anos de prisão, além de multa.
Íntegra da nota da empresa Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho
“A Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho S.A. vem, por meio desta, prestar esclarecimentos à sociedade, clientes e parceiros diante de recentes notícias que mencionam investigações relacionadas a exames laboratoriais.
Conforme já declarado em depoimento oficial às autoridades, a Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho S.A. (CNPJ: 22.906.740/0001‐24) atua exclusivamente na área de segurança e saúde do trabalho desde 2015, oferecendo serviços de prevenção, gestão ocupacional e assistência às empresas. A empresa não realiza, nem jamais realizou, diretamente, qualquer tipo de exame ou análise laboratorial. Sempre que tais serviços foram necessários, foram prestados por laboratórios independentes, contratados formalmente e responsáveis técnicos pela execução. Para total clareza:
A Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho S.A. não possui relação operacional, técnica ou administrativa com a empresa Bioseg Medicina Laboratorial (CNPJ: 48.794.742/0001‐62), constituída em 2022 como pessoa jurídica distinta, da qual dois sócios da Bioseg Segurança participaram apenas como investidores, sem qualquer envolvimento na gestão ou execução de serviços laboratoriais. O único ponto em comum entre as empresas é o nome Bioseg, o que pode ter gerado o conflito de entendimento.
A Bioseg Medicina Laboratorial foi encerrada em abril de 2025. A defesa reafirma que o encerramento do CNPJ não está vinculado à abertura de outra empresa para prática similar, inexistindo qualquer continuidade operacional ou societária voltada à mesma atividade. Qualquer informação contrária a isso é inverídica.
A investigação citada pela imprensa tramita em segredo de justiça. Até o momento, os advogados da Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho não tiveram acesso integral aos autos, de modo que informações veiculadas publicamente podem não refletir com precisão o conteúdo da apuração.
Desde o início, a Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho tem colaborado integralmente com as autoridades, fornecendo documentos e testemunhos que comprovam a regularidade de suas atividades e reafirmando seu compromisso com a transparência e a legalidade.
Reiteramos que a Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho não realiza exames laboratoriais e mantém sua atuação restrita à sua área de especialidade, preservando a credibilidade construída ao longo de mais de nove anos de serviços prestados a empresas de diversos setores.
Nos solidarizamos com a sociedade diante das preocupações geradas pelas notícias recentes e seguimos à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários, reafirmando nosso compromisso com a ética, a integridade e a confiança de nossos clientes e parceiros.”
g1-MT