7 agosto, quinta-feira, 2025
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‘Ele teve coragem de invadir minha casa e não estará no júri’, critica viúvo

“É uma covardia. Ele deveria ser obrigado a estar presente. Ele teve a coragem de invadir minha casa, então por que ele não estará presente? Por que a lei dá essa liberdade de escolha? Ele é réu, ele não deveria escolher. Não muda nada para minha família, mas queria que ele visse o olhar de desprezo, da dor que ele causou à nossa família”, desabafou Regivaldo Batista Cardoso, nesta quarta-feira (6). Ele é viúvo de Cleci Calvi Cardoso e pai de Miliane Calvi Cardoso, 19, Manuela Calvi Cardoso, 13, e Melissa Calvi Cardoso, 10, assassinadas por Gilberto Rodrigues dos Anjos, réu confesso, que será submetido a júri popular na quinta-feira (7). O julgamento será em Sorriso (420 km ao Norte), onde ocorreu o crime, mas o criminoso está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, e acompanhará a audiência por videoconferência.

O júri está marcado para começar às 8h e não há previsão para encerramento. O réu não estará fisicamente no plenário do júri a pedido da defesa.

O pedreiro invadiu a casa da família, em novembro de 2023, em Sorriso, e matou a família. Na ocasião, Regivaldo Cardoso não estava na cidade, pois é caminhoneiro e viajava a trabalho. Seu desabafo foi feito em live realizada pelo advogado da família, Conrado Pavelski Neto, na tarde desta quarta, véspera do júri.

Na transmissão simultânea, Régis, como é conhecido, em poucas palavras expôs que se sente ansioso para o júri, mas irá participar da sessão. “Eu vou entrar na ‘cena do crime’, querendo ou não. Terá as fotos, isso vai pesar demais, é muito forte, eu estou tranquilo, mas me dá muita ansiedade”, explicou.

Durante o julgamento, Régis será ouvido na condição de informante e deve falar sua versão dos fatos, enquanto viajava e como soube o que ocorreu com sua família. Ele também foi ouvido anteriormente em audiência de instrução.

O advogado reiterou que os jurados terão como base para o veredito as provas anexadas ao processo e não a repercussão midiática do caso. O defensor ainda citou que prevê uma pena superior a 120 anos, considerando as qualificadoras e sentenças de crimes anteriores.

“Poderia pegar mil anos de pena, mas isso não traria elas de volta. A prisão perpétua seria indiferente para a família, mas que ao menos ele pegasse a pena máxima. […] A família do Régis, sim, está em prisão perpétua”, citou Conrado.

Após ser preso em Sorriso, Gilberto dos Anjos chegou a ser transferido para penitenciária Ferrugem, em Sinop (500 km ao Norte) e atualmente está preso na PCE por outros crimes que cometeu e já foram julgados. A previsão é que, caso condenado, permaneça na mesma unidade.

Júri

O julgamento será presidido pelo juiz Rafael Deprá Panichella, da Primeira Vara Criminal de Sorriso, e seguirá o rito previsto no Código de Processo Penal, com a atuação de promotor, defensor e um conselho de sentença composto por sete jurados.

Por parte das provas apresentar conteúdo sensível e até mesmo em respeito à família das vítimas, a participação do público será restrita somente ao juiz, advogados, jurados, familiares previamente cadastrados e alguns membros da imprensa previamente cadastrados e com vagas limitadas.

Não será permitido qualquer tipo de gravação em vídeo, fotos ou áudio do interior do plenário e não será permitido o uso de equipamentos eletrônicos no local.

O caso

Em 24 de novembro de 2023, Gilberto invadiu a residência de Cleci Calvi Cardoso, na cidade de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá) e assassinou brutalmente ela e suas 3 filhas. Os corpos foram encontrados no dia 27, após o esposo de Cleci, Regivaldo Batista Cardoso, que estava em viagem de trabalho, perceber que esposa e filhas não o atendiam mais e acionar a polícia e familiares. Só então, Gilberto foi encontrado e preso, em uma construção civil ao lado da residência onde cometeu o crime.

Em 16 de maio deste ano, Gilberto foi condenado a 17 anos de prisão pelo homicídio do jornalista Osni Mendes Araújo, ocorrido em 2013, na cidade de Mineiros (GO). Ele chegou a ficar 6 meses preso pelo crime, mas conseguiu liberdade e não foi mais encontrado desde então.

Em 25 de março também de 2025, ele foi condenado pelo Tribunal do Júri de Lucas do Rio Verde (a 332km de Cuiabá) pelos crimes de estupro, tentativa de feminicídio e lesão corporal qualificada pela violência de gênero, cometidos em 17 de setembro de 2023. Na data em questão, por volta das 2h da madrugada, ele invadiu a residência de uma mulher e, mediante violência e grave ameaça, a obrigou a manter relação sexual não consentida. Ele ainda tentou matá-la, porém, o ato não foi consumado porque a vítima entrou em luta corporal. A pena total aplicada foi fixada em 22 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão.

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