A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a fabricação, comercialização, distribuição e propaganda de três marcas de bebidas sabor café após análises confirmarem a presença de substâncias tóxicas e impurezas em sua composição. A medida afeta os produtos das marcas Melissa, do Paraná, Pingo Preto, de Santa Catarina, e Oficial, de São Paulo, que terão todos os seus lotes recolhidos.
Os testes laboratoriais identificaram a presença de ocratoxina A, micotoxina produzida por fungos, que pode causar sérios danos aos rins e está associada a inflamações e nefropatias crônicas. Além disso, as bebidas apresentavam impurezas como cascas, paus, palhas e resíduos diversos, materiais considerados lixo agrícola e proibidos para produtos destinados ao consumo humano.
Em maio, as três marcas já haviam sido desclassificadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) por fraudes na composição e presença de matérias estranhas. As análises também indicaram o uso de ingredientes não autorizados para produtos vendidos como café, o que inviabiliza sua comercialização com essa denominação.
Celírio Inácio, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), criticou a prática e alertou para os riscos do chamado “café fake”. “Café é feito do grão de café. Fora isso, é impureza e resíduo”, afirmou. Segundo ele, os fabricantes se aproveitam de embalagens com apelo visual e rotulagem enganosa para induzir o consumidor.
O Mapa e a Anvisa recomendam que a população interrompa imediatamente o consumo desses produtos e reforce a atenção na hora da compra, especialmente com marcas de baixo custo ou desconhecidas. A orientação é buscar cafés certificados, com selos de qualidade de instituições reconhecidas, como a Abic.
A reincidência de casos preocupa o setor regulador. Nos últimos 12 meses, 35 marcas nacionais de café foram consideradas impróprias para consumo por excesso de impurezas e fraudes na composição. A Abic reforça a importância de escolher produtos de marcas confiáveis e que tragam selos de pureza e qualidade na embalagem.
Folha do estado