Servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Cuiabá se mobilizaram na tarde desta quarta-feira (14) e aderiram ao movimento de greve, deflagrada na última sexta-feira (09), em várias cidades do país. Os grevistas se reuniram em frente ao prédio da sede do Instituto, no Centro Histórico, que está abandonado e sofreu desabamentos recentes na estrutura. Entre as reivindicações está a construção de plano de carreira.
Além do Iphan, outros servidores do Ministério da Cultura também aderiram à greve, como a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a Fundação Cultural Palmares (FCP), a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Além do plano de carreira, os servidores reivindicam o aumento do quadro de funcionários concursados, principalmente com arquitetos e melhores condições de trabalho, conforme explicou Jocyane Baretta, técnica analista do Iphan-MT.
“A cultura deste país está entrando em colapso. Nós não temos servidores, o índice de evasão da área está altíssimo, nosso salário é um dos menores do executivo federal. Tem um índice alto de pessoas que são contratadas no lugar de técnicos e de servidores e isso vai sucateando todo o processo de exercer a cultura plena e que é de direito a gente devolver para a sociedade”, afirmou Baretta.
Em Mato Grosso, o Iphan conta com apenas 13 servidores, que cuidam de todo o patrimônio do estado, não apenas em Cuiabá, como também em outros municípios com patrimônios reconhecidos.
A mobilização ocorreu no centro histórico de Cuiabá, no prédio de sede do Iphan que está abandonado e teve desabamentos recentes da fachada no fim do último mês. Enquanto o prédio aguarda a reforma, os trabalhos foram direcionados para um prédio alugado.
Gabriela Rangel também é técnica analista do Iphan no estado e contou que, outro fator de atenção, para além do cuidado estrutural com o prédio, é necessário o cuidado com o espaço e o Centro Histórico de Cuiabá que tem problemas de segurança e que necessitam de políticas públicas.
“Nós estamos aqui reivindicando melhores condições de trabalho em todos os níveis. O centro histórico hoje é a cara do Iphan. Se você quer saber como é que o Iphan está, ele está da mesma forma que esse centro histórico, com vários arruinamentos. Os servidores não dão conta. A gente vai ter que parar, porque se a gente não parar agora, a gente vai quebrar e nós servidores seremos os culpados, porque é a gente que aguenta a onda”, afirmou ela.
A história que não pode se apagar, a função do Iphan em Mato Grosso
De acordo com o próprio site da instituição, o Iphan tem a missão de promover e coordenar o processo de preservação do Patrimônio Cultural no Estado para fortalecer identidades, garantir o direito à memória e contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Ele é responsável por acompanhar restaurações, tombamentos, gerir, aplicar e fiscalizar os recursos destinados aos patrimônios culturais e cuidar daquilo que conta uma parte da história e cultura de um povo em forma de patrimônio.
Jocyane Baretta explicou que hoje Mato Grosso conta com cerca de 1700 sítios arqueológicos registrados e o Iphan também tem um papel neles.
“Quem cuida e faz gestão desses 1.700 sítios aqui em Mato Grosso, são 3 técnicos no Iphan. É uma demanda gigante para poucas pessoas. Além disso, a gente faz todo o procedimento de licenciamento ambiental que tem a ver com o patrimônio cultural”, explicou ela.
Em Cuiabá, ele é responsável também por acompanhar os prédios e casarões no Centro Histórico, como explicou Gabriela Rangel.
“O Centro Histórico de Cuiabá, não foi tombado simplesmente por ser monumental ou pela beleza das casas. Ele é um centro histórico documental, tombado por uma história da construção dele que só as pessoas que estudam ou que usaram isso sabem. Então, como você vai transmitir isso para as próximas gerações. Como que as pessoas vão querer cuidar se isso não for transmitido?”, questionou Rangel.
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