21 julho, segunda-feira, 2025
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Afastamentos por saúde mental duplicam em uma década

Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou aumento significativo no número de afastamentos temporários concedidos a trabalhadores por questões relacionadas à saúde mental. Em Mato Grosso, os dados não são diferentes e, em um ranking de afastamentos, os transtornos ansiosos ocupam a 10° posição, atrás apenas de lesões e dores na coluna. Maria Aparecida Campos, doutora em psicologia, apontou fatores que contribuem para o quadro.

De acordo com os registros de 2024, fornecidos pelo Ministério da Previdência Social ao Gazeta digital, em Mato Grosso, foram concedidos 64.802 benefícios por incapacidade temporária durante todo o ano. Desses afastamentos, as causas que lideram o quadro são fraturas no corpo e dores na coluna, porém, além de problemas físicos, os transtornos ansiosos aparecem no ranking com 1.283 afastamentos.

Ainda sob a perspectiva estadual, quando analisados os dados exclusivamente de saúde mental, o número de afastamentos concedidos somaram 4.362. A maior parte desses, 2.486, foi por transtornos de ansiedade e episódios depressivos.

Nos dados enviados pela previdência, não foram informados quantitativos por regiões do estado, por isso, não é possível saber em quais municípios foram distribuídos maior número de afastamentos do trabalho.

Em perspectiva nacional, os dados dos últimos 10 anos mostram que os afastamentos relacionados à saúde mental mais que duplicaram. Em 2014, foram 221.721 atestados, já em 2024 o número subiu para 472.328.

A professora e doutora em psicologia Social e do Trabalho, Maria Aparecida Campos, explicou que em quadros de saúde mental é comum que ansiedade e depressão liderem rankings. Esses dois transtornos são influenciados por um conjunto de fatores, incluindo o trabalho. O ambiente de trabalho contribui com grande parte da saúde e do bem-estar mental dos seres humanos e mudanças nele podem ser impactantes e agravar quadros de piora emocional.

Um afastamento desse local deve ser sempre indicado por um profissional e é necessário quando o sofrimento psíquico impede o trabalhador de exercer suas atividades habituais. Isso pode ser percebido não só pela própria pessoa, como também pelos colegas.

“Quando o trabalhador não consegue se identificar com o que faz, não vê sentido, sente-se sobrecarregado e desvalorizado, descontente com o resultado, isolado, sem poder colocar em prática suas competências, vendo-se impedido de agir, abre-se a porta para o sofrimento e o adoecimento. As metas abusivas, prazos exíguos, individualização do trabalho são fatores bastante prejudiciais para a saúde mental”, explicou a psicóloga.

A doutora em psicologia ressaltou, ainda, outros fatores além do trabalho que podem contribuir com o agravamento dos casos de transtornos e traz a necessidade desses afastamentos. A aceleração no ritmo de vida em um período curto após uma pandemia é um exemplo.

Repórter MT

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