21 julho, segunda-feira, 2025
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Trabalho infantil vira ‘rotina’ em Cuiabá

Lian de Jesus, de apenas 8 anos, é uma das crianças que diariamente são vistas nos semáforos da capital, nas avenidas mais movimentadas e em horários de pico. Ele vende paçocas e panos de prato. Na companhia da avó, Lígia Rón, 61, quase todas as manhãs estão na esquina entre a avenida Historiador Rubens de Mendonça, a avenida do CPA, com a rua Conselheiro Dr. Enio Vieira. Essa mesma cena é vista com facilidade, principalmente próximo a viadutos e semáforos. Crianças segurando cartazes com pedido de ajuda, ou então, vendendo produtos em meio aos veículos já se tornou algo comum em Cuiabá.

Apesar dos riscos aos quais as crianças estão expostas, e mesmo sendo considerada uma das piores formas de trabalho infantil, essa atividade ocorre há anos, principalmente envolvendo imigrantes. Várias ações já foram anunciadas pela prefeitura e Ministério Público, mas nenhuma ação efetiva foi colocada em prática para mudar este cenário.

As dificuldades de prover alimento e outros itens essenciais são as justificavas daqueles que levam as crianças a ajudarem.

É por meio da abordagem aos motoristas, que estão parados no trânsito, que Lian consegue vendar uma caixa inteira de paçoca. Eu passo próximo ao vidro dos carros e costumo mostrar a paçoca. Alguns abrem o vidro e compram, ou apenas doam alguma moeda, diz Lian.

Segundo Lígia, o neto frequenta a escola, mas explica que a família passa dificuldades e essa foi a única forma encontrada para complementar a renda. Além das vendas, ela expõe um cartaz pedindo por doações e ajuda financeira.

Lígia ressalta que veio da Venezuela com os 5 filhos. Ela mora há 5 anos em Cuiabá. Conta que a família vendeu tudo que tinha no país de origem e com o dinheiro conseguiu comprar um terreno no bairro Jardim Diamante. Dividimos o mesmo quintal e cada um está construindo sua própria casinha.

Segundo Lígia, antes de começar a pedir ajuda e a vender panos de prato e paçoca pelas ruas da capital, chegou a trabalhar realizando faxinas, mas depois de sofrer uma queda, ficou debilitada, e quase não consegue mover uma das mãos.

Revela que sua única renda é do auxílio do governo federal, no valor de R$ 600. Explica que lucra com as vendas uma média de R$ 15 por pacote fechado de pano de prato. Às vezes, eu vendo tudo, depende muito do dia, mas de qualquer forma esse trabalho ajuda a comprar comida. Estamos conseguindo sobreviver desta maneira.

Gazeta digital

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