O Congresso Nacional retoma suas atividades neste sábado (1º) com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Apesar da ofensiva de alguns parlamentares, vistos como “azarões” da disputa, as candidaturas do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e do senador Davi Alcolumbre (União-AP) são consideradas favoritas justamente por amarrar os apoios de partidos como o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O PL e o PT foram atraídos para as as candidaturas de Motta e Alcolumbre com promessas de apoio e cargos nas mesas diretoras e controle de comissões temáticas. No caso de Motta, a negociação ainda envolveu um acordo aparentemente contraditório, costurado pelo atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a tramitação do projeto de anistia aos presos nas manifestações de 8 de janeiro. Ao governo foi prometido que o projeto seria atrasado e à oposição que ele seria levado adiante.
A primeira eleição deste sábado no Congresso está marcada para acontecer no Senado, onde, além de Alcolumbre, estão postas, até o momento, as candidaturas de Marcos Pontes (PL-SP), Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos do Val (Podemos-ES) e Soraya Thronicke (Podemos-MS). À exceção de Girão, que é o único integrante do Novo na Casa, os demais nomes se lançaram na disputa de forma independente, já que seus partidos declararam apoio ao senador Alcolumbre.
Apesar das críticas públicas do ex-presidente Bolsonaro, Marcos Pontes tem sinalizado que não pretende abrir mão de sua candidatura. No entanto, existe a expectativa entre os integrantes da bancada de que ele seja convencido a recuar durante uma reunião que será realizada antes do pleito deste sábado.
O PL decidiu apoiar Alcolumbre em um acordo que envolve a indicação para a primeira vice-presidência e em colegiados importantes da Casa. A sigla quer evitar o que ocorreu em 2023, quando Rogério Marinho (PL-RN) foi derrotado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o partido ficou sem cargos e representatividade na Mesa e em comissões.
“Nosso erro foi tentar eleger o Rogério Marinho em 2023. Só que, quando perdemos, ficamos sem [cargos na] Mesa Diretora e comissões. Se você quer convocar um ministro, como, por exemplo, a Nísia [Trindade, da Saúde] não consegue”, disse Bolsonaro à revista Oeste na semana passada.
A estimativa de alguns senadores é que o PL dê, pelo menos, 12 dos 14 votos para Alcolumbre. A candidatura dele é considerada favorita por reunir, além do apoio do partido de Bolsonaro, o aval de outras seis legendas, que somam 70 senadores. Para ser eleito, são necessários 41 votos.
Davi Alcolumbre é o único dos candidatos que já exerceu anteriormente a função de presidente da Casa. Ainda pelo Democratas (atual União Brasil), ele recebeu, em 2019, 42 votos – um a mais que o mínimo para ser eleito. O parlamentar foi presidente até 2021, quando foi substituído por Rodrigo Pacheco.
Por outro lado, Pontes, Girão e Do Val usam o sentimento anti-Supremo Tribunal Federal (STF) para conquistar votos. Todos já sinalizaram que, se eleitos, vão desengavetar os pedidos de impeachment contra os ministros da Corte parados no Congresso.
Gazeta do povo