A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia, onde participaria da Cúpula do BRICS neste domingo (20), teve que ser adiada devido a um acidente doméstico.
Segundo o boletim médico do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, Lula sofreu um corto-contuso na região occipital – ou seja, um corte na região da nuca.
Os médicos avaliaram que o caso não é grave, permitindo que o presidente mantenha sua agenda normal no Palácio do Planalto esta semana. No entanto, por precaução, o cardiologista Roberto Kalil Filho recomendou que ele evite viagens de longa duração.
Mas, afinal, o que é esse ferimento? Como é o tratamento e quais as possíveis consequências?
Marcelo Bechara, especialista em clínica médica, explica que – apesar do nome complexo – o corto-contuso é uma lesão causada pela combinação de um corte e uma contusão. Ela se caracteriza pelo corte e trauma mais profundo nos tecidos abaixo da pele.
No caso do presidente Lula, esse ferimento está na região occipital, que é a parte posterior do crânio.
Essa lesão ocorre em situações de impactos com objetos cortantes e pesados, como acidentes, quedas ou agressões. Se o impacto for muito forte, além da simples lesão da pele, o ferimento pode atingir músculos e ossos.
“A dor varia de média a intensa e pode vir acompanhada de sangramento, hematomas, inchaço, sensação de tontura e confusão. Em casos mais graves, pode ocorrer visão turva, convulsões, desmaios e até coma”, explica Bechara.
Quem sofre esse tipo de lesão pode ter cefaleias crônicas, cicatrizes ou deformações, problemas com equilíbrio, visão ou perda de consciência, dependendo da área lesada.
Diagnóstico e tratamento
Exames de raio-X de crânio, tomografia do crânio e ressonância magnética podem ser solicitados conforme o quadro clínico e a proporção do trauma, segundo o especialista em clínica médica.
Em casos mais graves, como hemorragias, pode ser necessário realizar procedimento cirúrgico intracraniano, sempre com monitorização neurológica.
O tratamento, em casos mais leves, consiste apenas em higienizar o ferimento, fazer curativos e suturas, conforme a necessidade.
Lula, por exemplo, levou cinco pontos no ferimento. Ele foi liberado após o curativo para retornar ao Palácio da Alvorada. Na manhã deste domingo, voltou ao hospital para exames adicionais e foi liberado novamente.
“Após avaliação da equipe médica, foi orientado evitar viagem aérea de longa distância, podendo exercer suas demais atividades. Permanece sob acompanhamento de equipe médica, aos cuidados do Prof. Dr Roberto Kalil Filho e Dra Ana Helena Germoglio”, segue o boletim do Sírio-Libanês.
Recuperação
A recuperação depende muito da gravidade da lesão. Variando de:
- 7 a 10 dias para casos leves;
- Semanas, para casos moderados;
- Meses, para casos graves.
Em casos gravíssimos, pode não haver recuperação.
Durante o processo de recuperação, indica-se que o paciente repouse, faça vigilância neurológica, fisioterapia ou reabilitação, se necessário, afirma Bechara.
Cúpula por videoconferência
Por orientação médica, Lula cancelou sua viagem à Cúpula do BRICS em Kazan, Rússia.
O Ministério das Relações Exteriores informou que o ministro Mauro Vieira chefiará a delegação enviada ao evento.
“O presidente irá participar da Cúpula dos Brics por meio de videoconferência e terá agenda de trabalho normal essa semana em Brasília, no Palácio do Planalto”, conclui a nota.
Lula embarcaria na tarde deste domingo da Base Aérea de Brasília. O evento na Rússia começa na próxima terça (22).
G1