O psicólogo brasileiro Adir Soares Machado Junior está tentando sair da Bolívia após tanques do Exército e militares armados invadirem o palácio presidencial em La Paz, nesta quarta-feira (26). Adir é de Cáceres (MT), mas está em Santa Cruz de La Sierra há cerca de dois anos, onde cursa medicina.
Apesar de estar a cerca de 800 km de onde ocorreu a invasão, o estudante disse ao g1 que o clima é de tensão e que ele teme que as coisas piorem nas próximas horas. No relato, ele disse que está com pressa para sair da Bolívia e retornar ao Brasil, já que não sabe até quando a situação irá persistir.
“Estou me organizando para sair da Bolívia e estou com pressa porque não sei como que vai ficar essa situação [da invasão] porque eles querem paralisar tudo. Esse golpe de estado estava sendo conversado desde hoje mais cedo e que aconteceria na quinta-feira por questões internas do país, mas, com essa situação agora, acredito que vai aumentar mais ainda a temperatura por aqui”, disse.
Segundo o psicólogo, outros brasileiros que moram na Bolívia estão preocupados com a situação e que, por isso, desejam voltar ao Brasil o quanto antes.
“Estão preocupados em comprar as coisas porque, quando situações assim ocorrem, diminui muito o tráfego de alimentação e o custo sobe. É uma preocupação no sentido de voltar ao Brasil”, explicou.
Adir ainda disse que está no país com o sobrinho e a esposa, que é advogada e também estuda no país. Ao g1, ele confirmou que a situação na Bolívia é preocupante, principalmente em La Paz, que é onde a invasão ocorreu, mas que, de toda forma, todas as cidades e moradores acabam sendo afetados.
- O presidente, Luis Arce, e o ex-presidente Evo Morales falaram em golpe de Estado.
- Em comunicado em suas redes sociais, Luís Arce também pediu que a democracia seja respeitada
- Algumas unidades do Exército foram vistas agrupadas em praças e ruas da capital.
- Segundo testemunhas da agência de notícia Reuters, um tanque do Exército foi visto entrando no palácio presidencial, em La Paz.
- Luis Arce afirmou que as Forças Armadas de seu país estão fazendo “mobilizações irregulares”
- A tentativa de golpe, segundo o governo, foi arquitetada pelo general Juan José Zuñiga, que foi afastado do cargo.
Turbulência política
Nos últimos cinco anos, a Bolívia viveu diversos momentos de turbulência política.
Em 2019, o terceiro mandato de Evo Morales foi interrompido por um golpe de estado que se seguiu a um movimento de protesto e greves reunindo setores populares, de classe média e empresariais. Evo havia acabado de ser eleito no primeiro turno das eleições presidenciais, em outubro, para um quarto mandato –que não tinha cobertura institucional. Ele renunciou à presidência e deixou a Bolívia.
Após Morales deixar o cargo, Jeanine Áñez Chávez se autoproclamou presidente interina da Bolívia. Ela os apoiadores do golpe foram presos em 2021, junto com o ex-comandante do Exército boliviano Jorge Pastor Mendieta Ferrufino, que liderou o golpe em 2019, segundo a Agência Boliviana de Informação.
Em 2008 também houve tentativa de golpe, mas que fracassou. O governo da Bolívia denunciou o início de um “golpe civil” realizado pela oposição conservadora do Departamento de Santa Cruz, mas descartou a possibilidade de decretar um estado de sítio para diminuir a tensão política.
Arce e Evo Morales, que eram aliados, agora são adversários por causa das eleições presidenciais de 2025. Morales será o candidato do MAS.
A legenda governista que Morales lidera afastou Arce por ele se recusar a participar do congresso do (MAS), realizado entre terça e quinta-feira em Cochabamba.