Pouco menos de 24 horas após ser alvo de investigação por suspeita de corrupção, o vereador Chico 2000 (PL) já recebeu sua primeira representação com pedido de investigação e providências por quebra de decoro parlamentar a ser punido com a perda do mandato de vereador. O pedido endereçado à presidente da Câmara, vereadora Paula Calil (PL), partiu do ex-juiz federal Julier Sebastião.
No documento, o advogado contextualiza a Operação Perfídia, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso e cita que “tais condutas supostamente praticadas pelo ex-presidente da Câmara de Vereadores Francisco Carlos (Chico 2000), geraram grande exposição negativa à Casa Legislativa, que amanheceu em dia de sessão (terça-feira, 29/04/2025), trancada pela Polícia Civil, para busca e apreensão em gabinete do parlamentar”.
Conforme a peça, a função do então presidente da Casa de Leis Cuiabana deveria ser de “conduta reta e íntegra, preservando o legislativo cuiabano de notícias escandalosas e exposições que mancham a imagem da Câmara de Cuiabá”.
Ele prossegue citando que, o “escândalo de corrupção fere gravemente o decoro parlamentar esperado de um legislador, sendo eficaz e necessária a sua cassação, para que sejam mantidos os bons costumes, a honestidade e a transparência no Legislativo”.
Julier acrescenta ainda que Chico é “simpatizante do ex-prefeito Emanuel Pinheiro”, tendo inclusive nomeado quando na presidência, o Procurador-Geral do Município afastado, para dirigir a Procuradoria da Câmara de Cuiabá, dentre outras condutas que demonstram grande afinidade do ex-presidente com a ex-gestão da prefeitura de Cuiabá.
Devido a estes fatos, o advogado requere prosseguimento da representação por quebra de decoro parlamentar de Chico 2000 com a punição de perda de mandato de vereador.
Operação Perfídia
Conforme noticiado pelo Gazeta digital, a Operação Perfídia, deflagrada na manhã de terça (29) pela Polícia Civil por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), teve por objetivo investigar corrupção na Câmara Municipal de Cuiabá, envolvendo a empresa responsável pelas obras do Contorno Leste.
Dentre os investigados estão o ex-presidente da Casa de Leis e atual vereador Chico 2000 (PL) e o também vereador Sargento Joelson (PSB). Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos gabinetes de vereadores, além de busca nos sistemas e câmeras de monitoramento da própria Câmara Municipal, onde o crime teria ocorrido.
São 27 ordens judiciais, sendo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, além de sequestro de bens, valores e imóveis, em desfavor de cinco investigados. Um empresário e dois funcionários da empresa envolvida são os demais alvos da operação.
As investigações tiveram início a partir de denúncia recebida pela DECCOR em 2024, noticiando que vereadores teriam solicitado, a um funcionário da empresa responsável pela execução das obras do Contorno Leste, propina para a aprovação de matéria legislativa que possibilitou o recebimento de pagamentos devidos pelo município à referida empresa no ano de 2023.
Uma parte dos valores foi depositada em conta indicada por um dos vereadores, e há indícios de que a outra parte tenha sido paga em espécie ao parlamentar, no interior de seu gabinete na Câmara, onde as negociações teriam ocorrido.
Gazeta digital